"Bissau, 11 mar (Lusa) - A comissão de inquérito judicial criada pelo governo da Guiné-Bissau para investigar os assassinatos do presidente Nino Vieira e do chefe das Forças Armadas começa nesta quarta-feira a trabalhar, disse o Procurador-Geral da República guineense, Luís Manuel Cabral.
"A comissão vai começar o trabalho hoje. Dentro de instantes vamos ter a reunião com a comissão toda e vamos dar orientações sobre como essa comissão deve fazer o trabalho", afirmou Luís Manuel Cabral aos jornalistas.(...)
A comissão de inquérito para investigar as mortes do presidente e do chefe das Forças Armadas foi criada pelo governo no último dia 2, mas só hoje inicia funções.
"Só numa semana de atraso, os presumíveis autores, percebendo que podem vir a ser julgados e condenados, podem já não estar no país e destruir vestígios", acrescentou o Procurador-Geral da República guineense.
Sobre um eventual apoio da comunidade internacional às investigações, Luís Manuel Cabral afirmou que "qualquer apoio é bem-vindo", frisando, contudo, que não cabe ao procurador-geral pedir esse apoio.
"O governo é o órgão que tem a legitimidade para pedir o apoio à comunidade internacional no sentido de mandar pessoas para virem ajudar esta comissão no inquérito", afirmou.(...)
Questionado sobre as razões que atrasaram o início das investigações, Luís Manuel Cabral afirmou que o governo criou a comissão, mas "o Ministério Público teve de esperar por todos os elementos que a compõem para arrancar com o trabalho".
"Esta comissão é uma comissão heterogénea, de acordo com o comunicado do governo é uma comissão que tem como elementos o Ministério Público, a Polícia Judiciária e do Tribunal Superior Militar", lembrou.
"Tendo conhecimento do comunicado do governo, entendi que havia necessidade de expedir um ofício, pedindo às diferentes instituições que compõem esta comissão de inquérito a mandarem os nomes para integrarem essa comissão", explicou Luís Manuel Cabral.
"Eu recebi da parte do ministro da Justiça, no dia 4 de março, um ofício que dava conta dos elementos da PJ que iriam integrar esta comissão e no dia 6 recebi um ofício do Tribunal Militar Superior que dá conta da indigitação de dois militares que vão integrar", disse.
Foi criada também uma comissão militar para investigar o assassinato do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié, que tinha dez dias desde a morte do general para apresentar um relatório, prazo que termina hoje.
O presidente Nino Vieira foi assassinado por militares durante um ataque à sua residência, no dia 2 deste mês, horas depois de um atentado à bomba ter matado o general Tagmé Na Waié."
in UOL Notícias, 11 de Março de 2009
VC